Gritos, falas, sorrisos e suspiros poéticos
Blog poético de Sérgio Rodrigo. Poesia pós-moderna, concreta, visual. Prosa caótica. Imagens.
quinta-feira, novembro 30, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
sonata silenciosa
és o canto
que tanto
ouço do olho
da estátua
sem manto
no canto
da sala
sois trecho
tétrico
seixos de sons
que saem
ao mover o queixo
sois o desfecho
daquilo
que o grilo
daqui tem
à quilo
na esgueira
da fogueira
fevereira
é a voz
que de nós
sai do cós
da calça.
um girassol
que gera sol.
que tanto
ouço do olho
da estátua
sem manto
no canto
da sala
sois trecho
tétrico
seixos de sons
que saem
ao mover o queixo
sois o desfecho
daquilo
que o grilo
daqui tem
à quilo
na esgueira
da fogueira
fevereira
é a voz
que de nós
sai do cós
da calça.
um girassol
que gera sol.
olhos de água
por sua causa já não tenho medo de não rimar
de fugir a métrica por seu toque
pelo seu sussurro "fique"
torno-me moleque
seu cabelo cor caqui,
seus azuis,
seus amarelos,
seus marrons.
voz silábica que torna-se beijo...
como seus olhos não lhe escorrem pela face?
você é minha poesia sem adjetivo
real e concreta
nosso sono sem bocejo
o deitar leve sobre o peito
nu.
sexta-feira, novembro 17, 2006
Fogo azul
Céu marrom
Chuva fervente
Sob a lua
Água e vapor
Os grãos rochosos grudam na pele dos pés
Carrego parte do solo comigo
E o reflexo marrom do céu
Nos meus olhos castanhos
A água da chuva ferve
Sobre a pele quente pela febre
Do desejo
Vejo a garça
De forma esguias, leves, suaves
Num momento cheio de anseio
E de medo
Na margem do rio
O reflexo se diluindo
Aos movimentos d’água
O frescor de suas mãos
Espalhando álcool pelo meu corpo
E de como risca o fósforo
Acendendo o fogo que nos toma
Na cama
Assim se ama:
No arrepio que o calor nos dá.
Sou tomado pelo gozo
Do azul que lhe escapa
Pelos olhos semi-abertos
E por todo amor
Que nos escorre
Entre as pernas.
quinta-feira, novembro 02, 2006
noite abafada
todos na
sala de jantar
salada e juntar
a louça pra lavar.
a mãe a menina olha
“ame na escolha
fora da bolha
de si mesma”.
e em resposta,
de forma oposta,
a menina cala e pisca.
vai a sala.
“assista-
me”,
diz a tv.
...................................
uma força maligna
toma a menina
de estrutura tão fina
no rosto a pinta
preta.
em simples quebra
de monotonia,
por novas vias,
arma-se com um objeto pesado
(a menina)
e acerta-o de quina
em cima
da cabeça da mãe
que cochila no sofá
manchando toda sala alva
de sangue.
...................................
é tudo ilusão
é oficina do capeta
presença satânica de diabo morto
vontade de classe média.
medo da solidão.
dá boa noite a mãe
que lhe resmunga algo.
não se preocupe menina
o sono já vem.
sala de jantar
salada e juntar
a louça pra lavar.
a mãe a menina olha
“ame na escolha
fora da bolha
de si mesma”.
e em resposta,
de forma oposta,
a menina cala e pisca.
vai a sala.
“assista-
me”,
diz a tv.
...................................
uma força maligna
toma a menina
de estrutura tão fina
no rosto a pinta
preta.
em simples quebra
de monotonia,
por novas vias,
arma-se com um objeto pesado
(a menina)
e acerta-o de quina
em cima
da cabeça da mãe
que cochila no sofá
manchando toda sala alva
de sangue.
...................................
é tudo ilusão
é oficina do capeta
presença satânica de diabo morto
vontade de classe média.
medo da solidão.
dá boa noite a mãe
que lhe resmunga algo.
não se preocupe menina
o sono já vem.
Orgasmo ao acaso
A ponta da manga da blusa
jeans que ninguém usa
solta no ar
a mercê gravitacional
roça de leve o cabelo da cabeça
num movimento sexual
de ônibus lotado
no limite entre o real
e o outro estado.
Vai e vem.
Vai-e-vem.
Os longos e grossos
pêlos das costas
se ouriçam,
os dos olhos se tocam
fechando-o.
Um orgasmo ao acaso
é caso raro.
jeans que ninguém usa
solta no ar
a mercê gravitacional
roça de leve o cabelo da cabeça
num movimento sexual
de ônibus lotado
no limite entre o real
e o outro estado.
Vai e vem.
Vai-e-vem.
Os longos e grossos
pêlos das costas
se ouriçam,
os dos olhos se tocam
fechando-o.
Um orgasmo ao acaso
é caso raro.