quinta-feira, novembro 30, 2006

te quero

quarta-feira, novembro 29, 2006

sonata silenciosa

és o canto
que tanto
ouço do olho
da estátua
sem manto
no canto
da sala
sois trecho
tétrico
seixos de sons
que saem
ao mover o queixo
sois o desfecho
daquilo
que o grilo
daqui tem
à quilo
na esgueira
da fogueira
fevereira
é a voz
que de nós
sai do cós
da calça.
um girassol
que gera sol.

olhos de água

por sua causa já não tenho medo de não rimar
de fugir a métrica por seu toque
pelo seu sussurro "fique"
torno-me moleque
seu cabelo cor caqui,
seus azuis,
seus amarelos,
seus marrons.
voz silábica que torna-se beijo...

como seus olhos não lhe escorrem pela face?
você é minha poesia sem adjetivo
real e concreta

nosso sono sem bocejo
o deitar leve sobre o peito
nu.

O grito



(Clique sobre a imagem para ver a poesia eletrônica "O grito")

sexta-feira, novembro 17, 2006

Fogo azul

Céu marrom
Chuva fervente
Sob a lua
Água e vapor
Os grãos rochosos grudam na pele dos pés
Carrego parte do solo comigo
E o reflexo marrom do céu
Nos meus olhos castanhos
A água da chuva ferve
Sobre a pele quente pela febre
Do desejo
Vejo a garça
De forma esguias, leves, suaves
Num momento cheio de anseio
E de medo
Na margem do rio
O reflexo se diluindo
Aos movimentos d’água
O frescor de suas mãos
Espalhando álcool pelo meu corpo
E de como risca o fósforo
Acendendo o fogo que nos toma
Na cama
Assim se ama:
No arrepio que o calor nos dá.
Sou tomado pelo gozo
Do azul que lhe escapa
Pelos olhos semi-abertos
E por todo amor
Que nos escorre
Entre as pernas.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Borboletas



(Clique sobre a imagem para ver a poesia eletrônica "Borboletas")

noite abafada

todos na
sala de jantar
salada e juntar
a louça pra lavar.
a mãe a menina olha
“ame na escolha
fora da bolha
de si mesma”.
e em resposta,
de forma oposta,
a menina cala e pisca.
vai a sala.
“assista-
me”,
diz a tv.
...................................
uma força maligna
toma a menina
de estrutura tão fina
no rosto a pinta
preta.
em simples quebra
de monotonia,
por novas vias,
arma-se com um objeto pesado
(a menina)
e acerta-o de quina
em cima
da cabeça da mãe
que cochila no sofá
manchando toda sala alva
de sangue.
...................................
é tudo ilusão
é oficina do capeta
presença satânica de diabo morto
vontade de classe média.
medo da solidão.
dá boa noite a mãe
que lhe resmunga algo.
não se preocupe menina
o sono já vem.

Orgasmo ao acaso

A ponta da manga da blusa
jeans que ninguém usa
solta no ar
a mercê gravitacional
roça de leve o cabelo da cabeça
num movimento sexual
de ônibus lotado
no limite entre o real
e o outro estado.
Vai e vem.
Vai-e-vem.

Os longos e grossos
pêlos das costas
se ouriçam,
os dos olhos se tocam
fechando-o.

Um orgasmo ao acaso
é caso raro.

MP3

de nota a nota
de tom a tom
a vida ganha trilha
no meu MP3
sinto-me no Leblon
de Manuel Carlos.

Minha foto
Nome:
Local: Vitória, ES, Brazil
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.