Arrepio na espinha
As belezas são pontos luminosos no dia
São como ouro na mina
Espelhos prismáticos que rasgam a retina
Correm o corpo
Fluxos, fluídos
No pênis, na vagina.
Blog poético de Sérgio Rodrigo. Poesia pós-moderna, concreta, visual. Prosa caótica. Imagens.
As belezas são pontos luminosos no dia
Boto toda maquiagem
Gloss, blush, brilho
Pronta pra viagem
Pra vadiagem
Salto sobre o salto
Solta.
Sigo.
Travestida de sonho
Na rua gritam “Lá vai a prostituta”
Eu sou a puta!
E só Deus entende minha luta
Minha labuta
Sou a vadia de uma outra esquina
Nem menino, nem menina
Um devir sem passado, sem sina
Sem vagina.
Refletem em minha retina
Na escuridão, voa meu cabelo
Sou penetrada pelo meu primeiro cliente
Na praia, os dois nus em pêlo.
O amo por um momento
Estou feliz por tê-lo
Dentro de mim.
De repente, o vazio.
Sinto frio.
O primeiro golpe me derruba
O sangue vela na veia
E depois escorre pela areia
Mas não saceia.
Chutes e socos.
Oh! O som oco do ar
Da batida forte a costela.
“Cadela”.
Do tapa, o chiado.
“Viado!”.
“Safado!”
E a dor.
E a dor.
Onde está a dor?
Nesse ardor no peito?
No leito da alma?
No erro?
Quero estar num lugar
Onde não haja pecado, nem perdão.
Nem o não.
Em casa,
No banheiro,
Olho-me no espelho
E os meus sonhos escorrendo como tinta
Pelo ralo da pia.
E triste, acordo e percebo
Que ainda sou eu mesma.