segunda-feira, julho 21, 2008

Arrepio na espinha

As belezas são pontos luminosos no dia
São como ouro na mina
Espelhos prismáticos que rasgam a retina
Correm o corpo
Fluxos, fluídos
No pênis, na vagina.

quarta-feira, julho 02, 2008

Trava

Boto toda maquiagem

Gloss, blush, brilho

Pronta pra viagem

Pra vadiagem

Salto sobre o salto

Solta.

Sigo.

Travestida de sonho

Na rua gritam “Lá vai a prostituta”

Eu sou a puta!

E só Deus entende minha luta

Minha labuta

Sou a vadia de uma outra esquina

Nem menino, nem menina

Um devir sem passado, sem sina

Sem vagina.


As luzes laranja dos postes

Refletem em minha retina

Na escuridão, voa meu cabelo

Sou penetrada pelo meu primeiro cliente

Na praia, os dois nus em pêlo.

O amo por um momento

Estou feliz por tê-lo

Dentro de mim.

De repente, o vazio.

Sinto frio.

O primeiro golpe me derruba

O sangue vela na veia

E depois escorre pela areia

Mas não saceia.

Chutes e socos.

Oh! O som oco do ar

Da batida forte a costela.

“Cadela”.

Do tapa, o chiado.

“Viado!”.

“Safado!”

E a dor.

E a dor.

Onde está a dor?

Nesse ardor no peito?

No leito da alma?

No erro?

Quero estar num lugar

Onde não haja pecado, nem perdão.

Nem o não.


Em casa,

No banheiro,

Olho-me no espelho

E os meus sonhos escorrendo como tinta

Pelo ralo da pia.

E triste, acordo e percebo

Que ainda sou eu mesma.

terça-feira, julho 01, 2008

A última paixão de S.R.


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Perdoa-me! Não sei o que faço!
Não sei onde erro, por favor, me dê um abraço
Toque em mim, envolva-me com teu braço
Aperte, aperte, aperte como faz com o laço
(do sapato!)

Não! Por que me abandonas?!
Por que esse gosto amargo da derrota?
Deve ser todo o amor que arrotas
Hei de procurá-lo em todas as zonas, eu juro.
(para curar a desonra!)

A verdade: teu corpo é meu Paraíso.
Só mais uma vez quero nele estar
Ouvir lânguido mais uma vez o guizo
(da cascavel)

Eis teu filho. Eis teu pai. Eis me nu.
Como Cristo de braços abertos, te espero
Espero penetrar-me no...
(coração que sangra!)

Tenho sede de sua semente líquida
Do seu ódio escorrendo alvo
Da veia verde pulsante, vívida!
(que deixa na carne a ferida)

Ah, a delícia do seu corpo suado...
Goza. Tudo está consumado.
(eis o último poema!)

Entre tuas mãos sempre esteve o meu corpo.
(e o sopro orgástico divino criador!)

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