quinta-feira, agosto 28, 2008

Variações sobre o tema “garganta” (poema em 3 movimentos)

I Calmo

Estou caído, estou caído e ninguém vê. No poema que ninguém lerá estará todas as palavras de ódio não ditas, todas as verdades caladas, os segredos velados, sufocados que fazem inchar, viram pus, transubstanciam-se em bolhas prestes a estourar na garganta num grito inaudível de sarcasmo inocente.

II Agitado

Frustrado com a fuga dos escravos, Ele nos manda de volta a peste. Enfunando os papos nos vêm de novo os sapos: praga parnasiana. Repararam nos novos poetas e no seu lirismo monótono?

III Alegre Agitado (sob efeito de anfetaminas)

Ácida idade, a poética da cidade está no limiar entre a sanidade e a sonoridade dos vôos dos carros e dos roncos das glotes tapadas. Ali está todo o sentimento real e toda nossa tendência homicida.

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